Confidencialidade nos processos de coaching

A atividade do coach é pautada em métodos testados e de eficácia comprovada, como as clássicas ferramentas de coaching. Outro aspecto essencial na rotina de trabalho do profissional de coaching é o cumprimento do código de ética, incluindo a confidencialidade das informações passadas pelo coachee.

Para que os clientes se sintam à vontade e possam ficar relaxados, aproveitando melhor as suas sessões de coaching, é preciso garantir que a privacidade das conversas não será comprometida. Salvo algumas poucas exceções, em situações bastante específicas, sobre as quais falaremos ao longo do texto.

O coach deve deixar explicitado nos seus contratos de coaching as condições de confidencialidade, garantindo segurança e credibilidade aos seus clientes.

Além disso, é importante que se fale sobre a não divulgação de dados compartilhados logo na primeira sessão, no momento em que for relembrada as informações sobre o funcionamento da dinâmica do coaching. Isso é importante para que o coachee se sinta ainda mais seguro para falar sobre a sua vida para o seu coach.

Exemplos de quebra de confidencialidade no coaching

A quebra de confidencialidade ou a redução da privacidade dos coachees é uma falha grave que pode colocar em risco a carreira do coach. Sem falar nos constrangimentos e possíveis danos morais para os clientes atendidos.

Por isso, é importante evitar algumas circunstâncias delicadas ou controversas, como, por exemplo, as descritas logo abaixo.

Podemos imaginar a seguinte situação: um coach de relacionamento atende um cliente, que, por conta do seu objetivo de salvar a sua relação, revela detalhes sobre a rotina com a sua namorada.

Tempos depois de terminado o processo de coaching, esse coach inicia um relacionamento com a agora ex-namorada do seu antigo coachee, sobre a qual ele sabia muitas particularidades.

Há uma probabilidade de esse coach de relacionamento ter usado informações privadas sobre a mulher em questão para se aproximar dela. Além disso, por ter começado uma relação íntima com ela, ele pode também ter revelado dados sobre o seu ex namorado. Esse é um caso de falta ética do coach por quebra de confidencialidade.

Outro caso bastante delicado é quando um coach usa a história do coachee como estudo de caso sem o seu consentimento.

Um exemplo que ilustra essa situação é quando um profissional de coaching divulga uma história de sucesso de um coachee, omitindo sua identidade, porém revelando particularidades sobre a sua vida.

O coachee lê a sua história em uma rede social do coach e conclui que, mesmo não tendo seu nome relevado, seus amigos podem perceber que se trata da vida dele, por conta dos detalhes fornecidos no texto desse coach.

Esse cliente sente, então, que sua vida foi exposta de alguma forma e que, por isso, o seu coach foi antiético em não respeitar totalmente a sua privacidade.

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Divulgação de informação confidencial prevista no código de ética

O código de ética do ICF (International Coach Federation) tem por objetivo orientar os profissionais de coaching a ter uma conduta de total integridade com os seus clientes, prevenindo conflitos por prejuízos morais ou financeiros.

Um dos itens tratados nesse código é a confidencialidade das informações e a privacidade dos coachees. Como a vida dos clientes é detalhada em um nível mais profundo durante o processo de coaching, é fundamental garantir a todos os coachees que a sua intimidade não será exposta a terceiros.

Apenas dois casos bem definidos possuem a confidencialidade limitada durante as sessões de coaching. Um deles é quando a informação representar perigo para alguém e o outro é o caso de confissão de atividade ilícita.

Caso o coach presencie algum comportamento ou fala que possa ser uma ameaça para alguém, ele pode tomar as providências que julgar cabíveis para evitar danos a terceiros.

Por exemplo, se um coachee relatar que planeja algum tipo de violência contra a sua mulher ou um golpe financeiro contra o seu sócio, o coach pode proteger as possíveis vítimas revelando o plano do seu cliente para quem for necessário.

Outra situação bastante delicada, mas que exige uma atitude do coach é quando há revelação de um crime ou atividade proibida por alguma norma. O coachee pode ser denunciado para os órgãos competentes nesses casos.

Outros casos em que a confidencialidade é flexível

Em alguns nichos de coaching é bastante comum a figura do patrocinador. Ele é a parte que apenas realiza o pagamento pelo serviço do coach e que, geralmente, tem interesse no desenvolvimento do coachee.

Alguns exemplos de patrocinadores são os pais de estudantes que pagam por processos de coaching para vestibulandos e donos de empresa que investem em coaching executivo para os seus colaboradores.

Quando há uma pessoa que possui relação financeira com o coach, é possível que haja o pedido de acesso às informações do cliente patrocinado e, até mesmo, aos relatórios das sessões. Nesse caso, pode-se fazer um acordo com o coachee para que ele dê o consentimento para que a sua privacidade seja reduzida no que for cabível.

No coaching em grupo também pode haver a necessidade de compartilhamento de informações. Nesse caso, é preciso que haja prévio consentimento entre as partes e que somente as informações pertinentes passem ao conhecimento dos outros membros do processo.

Cuidados para não incorrer em quebra de confidencialidade

Mesmo que o coach não tenha nenhuma intenção em divulgar ou fazer uso das informações passadas pelos seus clientes, é seu dever tomar os devidos cuidados para que não haja vazamento de dados.

É extremamente importante proteger o celular e o computador usados para os atendimentos, deixando-os bloqueados com senha sempre que houver qualquer risco de serem usados ou encontrados por outras pessoas.

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Mesmo que o coach tenha seus equipamentos roubados, é de sua inteira responsabilidade manter os dados dos seus clientes protegidos. Algumas medidas como armazenamento de relatórios em plataformas online e assinar um antivírus que apague os dados do celular em caso de roubo são boas alternativas para proteger a privacidade dos clientes.

É preciso, também, ter muita cautela ao entregar relatórios de sessões de coaching para funcionários ou ajudantes. O ideal é evitar fazê-lo e manter todos os dados sobre a sessão de posse exclusiva do coach e do seu coachee. Sempre haverá riscos de vazamento de informações por diversos motivos, então, o melhor caminho é evitar essa situação.

Outra dica importante é sobre os casos em que os clientes oferecem depoimentos sobre o serviço do seu coach. No momento em que um coachee grava um vídeo expondo a sua imagem ou conta sobre a sua experiência em um texto é essencial que ele tenha entendido e concordado com as condições de divulgação do material.

Para evitar conflitos, mal entendidos e até mesmo processos judiciais, é conveniente que o coach peça um aceite dos seus clientes, onde ele afirma que tomou ciência de que o seu depoimento será divulgado em meios publicitários, com fins comerciais.

Um simples e-mail respondido com um “concordo com os termos” é válido para se certificar de que o coachee entendeu e aceitou participar da divulgação do trabalho do seu coach.

É importante sempre lembrar, também, que, ao realizar um processo de coaching em grupo, somente as informações essenciais para atingir o objetivo de todos devem ser compartilhadas com os membros. Dados sobre a intimidade de cada indivíduo e relatos pessoais sobre desavenças e opiniões sobre as outras pessoas do grupo devem ser mantidos em total sigilo.

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